Automóvel: Podem as ferramentas digitais ajudar um setor com quebras de 80 por cento?

Portugal e o mundo enfrentam uma das mais desafiantes crises, não só do ponto de vista social, mas, também, económico. Além dos enormes e incontornáveis desafios na área da saúde, a Covid-19 trouxe consigo quebras na economia, quebras essas que se manifestam, com maior ou menor expressão, nos setores mais díspares.

Se olharmos para o setor automóvel – que, em 2019, representou mais de 20 por cento nas receitas fiscais do Estado e que regista, agora, quebras na ordem dos 80 por cento –, percebemos que estamos perante um cenário que nos colocará, no futuro, enormes desafios. Neste momento, o setor automóvel encontra-se muito condicionado – desde a produção até à comercialização ou reparação de veículos. Se no campo da produção, com o encerramento das unidades fabris, será mais difícil encontrar alternativas, nas áreas de venda e reparação de veículos, é possível, à distância e em segurança, “abrir a porta” de concessionários e oficinas aos consumidores. E aqui, as ferramentas digitais assumem um papel fundamental. Hoje, através de um conjunto de plataformas de vídeo, os consumidores têm a possibilidade de receber vídeos personalizados, relevantes e orientados para as suas necessidades de informação, seja quando se encontram no processo de procura ou de compra. Este novo modelo relacional e comunicacional oferece transparência, confiança e o envolvimento do consumidor em todo o processo, oferecendo-lhes uma experiência e uma jornada valorosa.

Também nos processos de manutenção ou reparação em oficina, o técnico consegue gravar um vídeo de diagnóstico identificando as necessidades de intervenção, partilhando, de seguida e em escassos minutos, esse relatório de vídeo e o respetivo orçamento com o proprietário do veículo, que pode, à distância e em segurança, visualizar o vídeo e aprovar o orçamento. Mais do que o fator comodidade – uma vez que o cliente tem acesso a um relatório de vídeo no seu computador, tablet ou smartphone –, a aplicação promove, ainda, uma transparência total e facilita, agora, a continuidade destes processos, eliminando ou reduzindo, quase na totalidade, o contacto presencial.

Este serviço tem, ainda, duas vantagens extra associadas: permite que o setor continue, ainda que de uma forma reduzida, a trabalhar e que se evite a aglomeração de pessoas nos concessionários e oficinas, assim que o estado de emergência e as restrições sejam levantadas. É fundamental que a segurança de colaboradores e clientes seja assegurada agora, mas, também, nas próximas semanas, meses. É crucial que retiremos ensinamentos de toda esta realidade, pois o país, o mundo, a sociedade e a economia terão de encontrar novas formas para, no futuro, responder a novos surtos e a novos desafios.

O momento que vivemos não pode nem deve ser tempo de pensar em vendas ou lucro. Será importante, contudo, termos consciência de que a sobrevivência de todos os setores, e da Economia de uma forma global, depende de cada um de nós e das soluções que permitam que, em plena pandemia e em isolamento social, possamos, ainda que apenas digitalmente, abrir as portas das escolas, dos hipermercados, dos concessionários ou das oficinas, respondendo às necessidades do consumidor. É esse o nosso dever. E não terá sido exatamente para isso que se inventou a tecnologia?